Confesso que é das poucas vezes em que tenho dificuldade em escrever aqui. Queria colocar algo mais que um simples “Feliz Natal”. Era meu desejo que fosse algo mais espiritual, mais divino. Lembrei-me de falar um pouco das músicas colocadas na mensagem anterior.
Para mim, só existem 3 tipos de música. A Clássica, a do David Bowie e todas as outras! Falando da Clássica, porque é a que interessa agora, gostaria de expressar o meu modo de ver pessoal pela escolha que tive nas obras de Bach para os vídeos. Johann Sebastian Bach é o começo e fim de toda a música. É o maior músico de todos os tempos e de todos os futuros que vierem. Como fenómeno criador, ele representa o fim de uma época da história da música, o barroco, mas também mais do que isso: Bach é a síntese de toda a música que o precedeu e é, sem dúvida alguma, a chave para toda a música que veio depois. A paixão de São Mateus” é, talvez, a única prova, musical, palpável de que Deus existe. É uma obra absolutamente impactante, na qual é impossível ficar-lhe indiferente. Ela representa o sofrimento e a morte de Cristo segundo o Evangelho de São Mateus. O compositor queria que esta Paixão empolgasse a quantos a escutassem e, de facto, existe nela uma precisão sem circunlóquios difícil de encontrar. Existem obras imortais que, pela sua força e presença, são indispensáveis de se conhecer e ouvir, pelo menos, uma vez na vida: A Nona de Beethoven, qualquer um dos últimos 10 concertos para piano de Mozart, Oitava de Schubert, Concerto para piano Nº 2 de Brahms, alguma ópera de Wagner e… A Paixão Segundo São Mateus, de Bach.
Nesta obra, a inesquecível e transcendental ária para contralto “Erbarme Dich”, vai directamente à alma. É Divina, uma Inspiração Celestial. É uma das obras mais belas de sempre. Sem palavras, simplesmente ouçam-na e deixam-se levar, pela sua intensidade, para fora deste mundo, por alguns momentos.
Se Deus realmente existe então ditou este trabalho maravilhoso directamente ao ouvido de Bach. Só pode. É a minha obra de sempre e, a par disso, a que menos ouço. Para ouvi-la preciso estar no estado de espírito certo, o que é um tanto ou quanto raro.
Esta gravação é uma das melhores interpretações de sempre, de que há registo. É a mais bela participação de um intérprete com uma orquestra. Ela entra pelo ouvido e vai bem fundo directamente à alma. Há quem diga que a cantora estava em transe quando gravou. Que estava fora deste mundo. Uma coisa é certa, não há palavras. Basta ver, ouvir e sair deste mundo por alguns minutos com ela. Sempre que a ouço, tenho a sensação de que nada mais me é necessário para atingir o êxtase celestial.
E esta a minha prenda de Natal para todos vocês. Percam 1, 2, 3… 7 minutos a ouvir. Tenham esse privilégio!
Feliz Natal para todos!!!